Antigamente era comum mães terem horários estabelecidos para dar de mamar a seus bebês. Hoje em dia muito se fala em amamentação em livre demanda, que visa deixar o relógio de lado e abrir mão do controle.
Contudo, saiba que amamentar é um processo de aprendizagem constante e que pode durar bastante tempo. E lembre-se sempre que cada mulher e cada bebê são diferentes e não há como fazer comparações ou se basear na história de vida de outra pessoa.
Por isso cuidado ao colocar em prática tudo o que você ouve de outras mães. Sempre que tiver alguma dúvida, procure o pediatra ou uma fonte de informações confiáveis.
Neste artigo, explicamos tudo o que você precisa saber sobre amamentar em livre demanda. Afinal, de acordo com o Ministério da Saúde e a mais recente cartilha de pediatria publicada pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), amamentar em livre demanda traz inúmeros benefícios para o seu bebê.
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O que é amamentação em livre demanda?
Amamentar em livre demanda é permitir que o seu bebê mame quantas vezes ele quiser e pelo tempo que ele sentir vontade. E isso traz inúmeras vantagens e benefícios para você e seu bebê.
O leite materno é o melhor alimento para que o seu bebê cresça saudável. Até os seis meses de idade ele não precisa de nenhum outro alimento, devido ao leite ser um alimento completo e rico em nutrientes.
Além disso, nos primeiros meses o bebê ainda está na fase da exterogestação (a gestação fora da barriga) e vai precisar de muito colinho e aconchego para se adaptar a este mundo tão diferente para ele. Lembre-se disso quando ele solicitar o peito a todo momento: não é só por fome!
Benefícios da amamentação em livre demanda
Este fato, por si só, já mostra a importância da amamentação. Mas os seus benefícios vão muito além disso. Amamentar fortalece os vínculos entre mãe e bebê, o que é fundamental para o desenvolvimento do seu filho. Faz com que ele se sinta amado e protegido. Mamar também tem o poder de acalmar o bebê nos momentos de mais agitação ou quando ele sente alguma dor, sem falar que é a maneira mais natural de fazê-los dormir.
Veja mais alguns dados sobre o leite materno:
- reduz risco de morte por doenças infecciosas;
- protege contra diarreia;
- ajuda a prevenir infecções respiratórias;
- previne sobrepeso ou obesidade na vida adulta;
- adultos que foram amamentados sofrem menos de diabetes;
- diminui risco de leucemia na infância;
- diminui o risco de alergias;
- para a mãe: reduz risco de câncer de mama (cerca de 4,3% a cada 12 meses de amamentação³).
Além, é claro, de contribuir para o desenvolvimento psicológico e afetivo da criança, já que a amamentação promove laços com a mãe que contribuem para a autoestima e autoconfiança. Inclusive alguns estudos¹ indicam que quanto mais tempo de amamentação, maior o QI do indivíduo, interferindo também no desenvolvimento intelectual.
E tem mais: amamentar o seu bebê em livre demanda faz com que ele perca menos peso após o nascimento e estimula a lactação da mamãe. Você também sentirá menos dor, pois evitará o ingurgitamento mamário (popularmente chamado de leite empedrado) tão comum nos primeiros meses, quando a produção de leite ainda não está regulada.
Por último, mas não menos importante, vale lembrar que amamentar também diminui o risco de câncer de mama e ovário, além de fazer o útero da mamãe voltar mais rápido ao seu tamanho natural.
Como fica a amamentação com a introdução alimentar?
A livre demanda deve continuar mesmo após a introdução alimentar. Pelo menos essa é a recomendação dos principais órgãos de saúde do mundo.
Isso porque a introdução alimentar deve ser vista como uma fase de apresentação dos alimentos ao bebê. Ou seja, ele provavelmente não irá comer o suficiente no início, porque ainda é uma descoberta para ele. Imagine que ele ainda nem sabe que os alimentos são capazes de saciar sua fome, uma vez que só sente isso através do leite.
Então para manter a saúde do bebê e uma introdução alimentar mais tranquila, sem a pressão de ter que comer, é recomendado que a amamentação em livre demanda continue.
Alguns bebês despertam para alimentação logo no início, outros podem levar alguns meses, e uma boa parcela de crianças só começa a se alimentar de fato após o primeiro ano de vida. E isso tudo é normal e esperado.
E lembre-se de que mesmo após o primeiro ano de vida, o leite materno ainda fornece importantes nutrientes à criança. Pois sabe-se que 500ml de leite materno no segundo ano de vida fornecem:
- 95% das necessidades diárias de vitamina C;
- 45% das de vitamina A;
- 38% das de proteína;
- 31% do total de energia.
Converse com o Pediatra para ter certeza de que o bebê está crescendo e se desenvolvendo normalmente e, se necessário, acompanhe através de exames médicos. Assim você ficará mais segura para seguir a alimentação por sólidos em conjunto com a amamentação em livre demanda.
Dicas para uma amamentação saudável
No entanto, amamentar em livre demanda pode ser extremamente cansativo e doloroso para a mamãe. É importante para o bebê, mas também precisa ser saudável para a mãe.
Por isso, é essencial que você conte com uma rede de apoio formada pelos seus familiares e amigos. Você precisa descansar e – na medida do possível – ter momentos de descanso e relaxamento para conseguir se adaptar a essa nova rotina.
Algumas outras dicas importantes:
- não esqueça de manter uma dieta saudável e equilibrada. Ingira muito líquido enquanto estiver amamentando;
- Usar mamadeiras, bicos e chupetas dificulta o aleitamento materno e pode desencadear o desmame;
- É muito importante que você esvazie uma mama antes de passar o bebê para a outra, pois é no final da mamada que possui mais nutrientes e gorduras essenciais para o seu filho;
- Se o seu bebê está ganhando peso e crescendo, não há por que ficar ansiosa e preocupada. Relaxe e curta essa fase que passa tão depressa;
- Após a introdução alimentar é muito importante que você continue amamentando o pequeno. A amamentação pode continuar até os 2 anos de idade ou além.
Siga sempre o seu instinto materno, e mantenha uma conexão com o seu bebê. Dessa forma, vocês conseguirão aproveitar muito mais essa fase deliciosa e tão importante na vida dos dois.
Desmame: até quando amamentar?
Segundo Silvana Nader², membro do Departamento de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), a melhor opção é deixar que o desmame ocorra de forma natural. Já que com o tempo o bebê vai desenvolvendo melhor a capacidade de comunicação, o que facilita o processo. Além disso, a maturidade que a criança vai adquirindo ao longo dos meses também contribui para o fim da amamentação.
Alguns sinais indicam que o desmame pode estar se aproximando, considerando uma criança com mais de 1 ano de idade Como por exemplo:
- A criança demonstra menos interesse nas mamadas;
- Está aceitando uma variedade maior de alimentos;
- Aceita outras formas de consolo quando necessário;
- Começa a adormecer sem mamar no peito;
- Pouca resistência quando o leite do peito é negado;
- Aceita trocar o momento da amamentação por outra atividade.
Evite um desmame forçado e repentino. Muitos estudos mostram evidências de traumas que são levados pela vida toda devido a desmames feitos de forma incorreta.
Referências
¹ SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Amamentação: A base da vida. Departamento Científico de Aleitamento Materno.
² LIMA, Vanessa. Amamentação prolongada: até quando amamentar seu filho?. Revista Crescer.
³ MINISTÉRIO DA SAÚDE. SAÚDE DA CRIANÇA Aleitamento Materno e Alimentação Complementar. Cadernos de Atenção Básica, Brasília/DF.
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